O JOGO...

Não é novidade para ninguém, mas, a poucos dias do início do Mundial de Futebol, são as próprias empresas, sobretudo as patrocinadoras directas da selecção portuguesa, a reconhecer(Público/DIA.D/05.06.06) que estão a explorar valores emocionais induzidos nos consumidores.
É que, neste jogo do lucro puro e duro, a selecção portuguesa de futebol é, para muitos, apenas mais um produto.

Por exemplo, a Central já investiu 2,5 milhões de euros no lançamento da nova Sagres-Selecção. A "bandeira das mulheres" (!) promovida pelo BES juntou 19 mil mulheres (?) e custou 1,5 milhões de euros. A McDonald´s reservou 20% do seu orçamento anual para investir na "selecção".
Ao todo são doze as empresas que, no caso de Portugal, apostam no produto futebol. Para além das já citadas temos outras: TMN, Samsung, Visa, Coca-Cola,Galp Energia,Tap, Avis, Nike e Fátima Lopes. E nenhuma anda nisto para perder dinheiro, antes pelo contrário. Até porque, a crer nos resultados de iniciativas anteriores, a coisa tem-lhes corrido bem...
E nem vale a pena comentar, em detalhe, os milhões que envolvem o "merchandising", os milhares de pacotes turísticos e viagens aéreas, as vendas de material electrónico, sobretudo écrans de plasma e LCD, os direitos de transmissão televisiva, etc, etc...
No fundo, ganham as empresas, ganha a economia portuguesa, ganham os governos; tudo gente que sabe, perfeitamente, que esta histeria colectiva (os) compensa.
Só não ganha o vulgar cidadão, o tal que pendura bandeirinhas à janela, morde as unhas frente ao televisor, vai buzinar pela madrugada em caso de vitória, esgota as reservas de cerveja lá em casa, sai mais cedo do emprego, e, refastelado em camisola de alças, nariz pregado ao écran, diz ao filho que "não chateie agora, com a merda da escola, que está a dar o jogo..."
O jogo? Qual jogo?