OS ARTISTAS...
Reacção de um cidadão português, casado e com dois filhos, honesto e trabalhador, que não fuma nem colecciona selos da "Afinsa", ao tomar conhecimento, este fim de semana em detalhe, que só o ano passado, em Portugal, os partidos políticos receberam 72 MILHÕES de euros... DIRECTAMENTE DOS CONTRIBUINTES!...
A notícia lá estava, preto no branco, na primeira página do jornal EXPRESSO e desenvolvida, depois, nas páginas interiores.
Um espanto!..
Mas quem é que NOS pediu licença para utilizar os NOSSOS impostos a subsidiar (em tão elevados montantes para um país em estado de penúria) os partidos políticos?
Isto é um abuso!
Que os nossos pagamentos ao fisco sejam aplicados (nesta fase da nossa economia) essencialmente para desenvolver e suportar sectores de importância vital como a saúde, a justiça e a segurança social, a educação e a cultura, o ambiente e a agricultura, a economia, as estruturas nacionais nos mais diversos campos, etc, etc, é lógico, indispensável e natural; agora os partidos políticos ???
Então (nestes tempos de crise, como nos gritam todos os dias aos ouvidos...) não lhes chega o dinheiro dos militantes, simpatizantes e ofícios correlativos? Se não chega (e é óbvio que não chega há muito tempo...) paciência: em vez de campanhas milionárias, com três ou quatro mil painéis e cartazes, agências de comunicação contratadas ao segundo, som surround, cantores a granel, carros de luxo, caravanas por milhares de estradas e quilómetros, suites das arábias reservadas em hotéis de cinco estrelas, apenas para os líderes irem beber um sumo de fruta, em dez minutos, antes dos comícios... entrem em austeridade. Em países civilizados é assim!... Façam apenas e só... o que têm capacidade económica para fazer!
E até seria uma maravilha:
Com um défice a mais de 6% (nesta fase do "campeonato") o Estado pouparia dezenas e dezenas de milhões de euros, que, assim, poderia aplicar onde faz efectivamente falta e onde seria realmente útil para os cidadãos, para a vida de todos, para os sectores vitais do país. E em relação a nós, portugueses, seria mesmo uma medida higiénica libertarem-nos dos excessos de poluição partidária...
E sabem, a propósito, o que foi pago pelos partidos, com o nosso dinheiro, como informa o Expresso, a título de exemplo? Então tomem nota:
Sessões fotográficas e maquilhagem de políticos!... Bilhetes de autocarros e selos!... facturas no valor de milhares de contos a artistas tão "brilhantes" como os Excesso ou a Senhora Dona Ruth Marlene!...
Mas que é isto???
Para acções políticas relevantes, devidamente provadas e fiscalizadas, ainda vá... mas não quero os meus impostos a pagar o pó de arroz destinado a melhorar a imagem de dirigentes e candidatos (e ficam sempre com aquele ar de salmonetes coradinhos) nem para suportar os cachets de artistas de variedades, ainda por cima do gabarito dos meninos Excesso...ou da Senhora Dona Ruth Marlene...
Vão ver a notícia do Expresso deste fim de semana, Vão ver, porque só aqui coloquei um pedacinho, e depois sintam a indignação a subir!...
IRRA!... (e é assim porque sou bem educado..)
publicada por TonecasPintassilgo às
8:08 da tarde
3 Comentários:
Realmente são muitos milhões, mas em relação a este assunto ainda não tenho uma certeza absoluta. Os dinheiros para os partidos deverão ser só do orçamento do estado? Deve-se autorizar só o donativo de empresas e particulares? Poderá ser um sistema misto?
Ainda não sei qual o melhor, mas de qualquer maneira penso que deveria ser reduzido o montante da subvenção estatal atendendo ao estado das contas públicas. Os sacrifícios não podem ser só para alguns.
Por falar nisso, outra coisa que deveria acabar era o subsídio da deslocação para os deputados pois a mim ninguém me paga o transporte oara vir trabalhar.
PFM
Caro TonecasPintassilgo,
permita-me, desta vez, discordar de Vossa Senhoria! Um bocadinho! E uma vez sem exemplo!
Sim, tantos milhões parecem muitos. Provavelmente são. Ainda assim, os partidos parecem-me tão necessários quanto os serviços de saúde, ou os tribunais, ou as forças armadas. Nesta espécie de democracia representativa que a Constituição diz que temos, é essencial a existência de partidos, vários, com os meios que precisem para fazer chegar as suas ideias aos eleitores. Só tenho um partido, acho que todos os outros são, por princípio, maus. Mas, com esforço, sempre lhes reconheço alguma utilidade.
Não sei quanto dinheiro seria necessário para garantir a sua existência. Mas entendo que é ao Estado que compete manter os partidos, em exclusivo. Em última análise, a nós todos. É importante que mantenhamos a aparência de que os partidos são isentos, de que as suas propostas - embora do seu ponto de vista particular - servem o interesse comum, e não o do seu mecenas preferido.
Também não gosto dos Excesso. Nem da Ruth Marlene. Porém, é destes "artistas" que os eleitores gostam. E os partidos precisam de todos os eleitores. Em particular, dos que vão ouvir os líderes entre dois coiratos e uma "jola" e um vira.
O que precisamos mudar talvez seja mais profundo do que a forma de financiar os partidos. Ou não: o português gosta de coiratos, "jolas" e vira. E talvez isso não seja mau. Mas aqui tenho ainda menos certezas.
Para AR e PFM, com sincera gratidão pelo contributo.
Mea culpa pelo escrito que fiz não estar minimamente claro quanto à matéria em causa.
De facto, o que contesto não é o financiamento, pelo Estado, aos partidos políticos. O que contesto são os montantes astronómicos desses financiamentos, bem como, em meu entender, a sua mais que discutível aplicação e fiscalização.
Mas, profundamente grato pelos reparos, vou corrigir essa lacuna, no meu texto inicial, para deixar mais explicito e completamente claro o meu pensamento.
Abraços.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial