segunda-feira, maio 08, 2006

"A CRISE"...


"A manchete do Expresso sobre Freitas do Amaral é uma pequena canalhice jornalística: uma coisa é um ministro dizer que a sua agenda é fatigante, outra é dizer que está cansado do lugar". Assim escrevia Vital Moreira, no CAUSA-NOSSA.BLOGSPOT.COM/, em 07-05-06. E com razão.

Porém, o que o Expresso fez no último sábado não se trata apenas de "pequena canalhice", mas de grande falha deontológica! Repare-se que, ciente da não-notícia em causa, o próprio director (se continua a ser o director a fechar a primeira página do Expresso...) sentiu necessidade de "esvaziar" de conteúdo a força que, deliberadamente, deu à dimensão e impacto da manchete. Por isso a escreveu enorme na forma, mas redutora e banal na substância, coisa que, em condições de bom rigor jornalístico, apenas lhe daria entrada, a uma coluna, em qualquer página lá no interior do jornal: FREITAS CANSADO NO MNE. Reparem, é escrito NO...e não DO...o que é completamente diferente! Ainda se Freitas do Amaral tivesse revelado estar "cansado DO ministério" isso teria uma óbvia importância jornalística e política, a pedir título concordante. Mas assim?

O homem só disse o que qualquer colega do Governo, primeiro-ministro incluído, poderia calmamente dizer ao fim de 12 horas de trabalho, com agendas e compromissos oficiais de enorme intensidade e pressão; se qualquer deles não chegasse à noite completamente estoirado é que seria caso para desconfiar! O primeiro-ministro desabafar, pelas dez da noite, ao jantar, a olhar a sopinha de legumes, "xiça, estou estoirado... que dia! "...é perfeitamente natural. E não significa, por isso, que vá demitir-se na manhã seguinte, ou esteja farto do Governo. O mesmo se aplica tanto a Freitas do Amaral como a outros membros do executivo - incluindo as dores na coluna...

O que faz pensar...são outras coisas:



O que leva o Expresso a fazer aquela manchete ? E quem ?
É da responsabilidade de toda a direcção ? Só do director?
Teve o aval claro e inequívoco da jornalista que fez o trabalho? (também ela elemento da direcção do jornal).
Na véspera da saída do Expresso o que levou a mesma jornalista (autora da entrevista a Freitas do Amaral) estar em directo na Sic, a justificar-se, numa emissão que, nessa sexta-feira à noite, não parava de destacar a matéria, tudo temperado com velados fumos de "crise"?...
Teria o ministro dito que queria ir-se embora do Governo? Lendo a entrevista nada consta!...
E que jornalismo seguidista é este (há excepções, claro) que no dia seguinte, já de Expresso nas bancas, não forneceu um rasgo de sensatez aos "responsáveis" pelos noticiários das televisões que se perderam a fazer de caixa de altíssima ressonância da referida manchete?...
E, como escrevia David Pontes no JN de 07.05.06, a quem, no PS, teria Freitas do Amaral "roubado" o lugar de Ministro dos Negócios Estrangeiros?..
E que tontice passou depois pela cabeça de Freitas do Amaral, e seus colaboradores, para darem uma nota de inadmissível desorientação com conferências de imprensa marcadas e desmarcadas, comunicados, depoimentos, notas oficiais?...

E afinal teria sido tão simples:
Bastaria ao primeiro-ministro (naturalmente não falando por causa disso, mas aproveitando ser interrogado sobre o assunto, como o foi pelas frenéticas jornalistas dos gritinhos... ) reduzir a coisa à sua dimensão, evitando as arrumadinhas frases de solidariedade institucional que proferiu, para (e seria muito mais eficaz) dizer apenas, por exemplo:
" O Professor Freitas do Amaral está estoirado às nove e meia da noite? Sorte a dele; eu pelas sete, muitas vezes, já tenho a cabeça rebentada, imaginem !...Ahahah..."






E ponto final.

2 Comentários:

Blogger High Power Rocketry disse...

: )

2:29 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Ora até que enfim o Tonecas faz este post sobre a classe dos jornaleiros.!!!!!!

Bem, para começar convém o Tonecas ir preparando o teclado pois já está na calha mais uma sobre o nosso MNE.
Segundo a comunicação social de hoje parece que o Prof.Freitas do Amaral, quando da visita à Arábia Saudita terá feito um cumprimento de circunstância, no hotel onde se encontrava, ao MNE do governo palestiniano, que é do Hamas.
Já estão a começar outra vez (partidos da oposição da direita) a pedir a cabeça do Prof.
Deste caso só posso tirar uma conclusão, o chefe da nossa diplomacia já não pode ser educado, cortês.....e diplomático. Ao que chegámos.
Em relação ao Expresso só tenho uma frase "volta Saraiva que estás perdoado".
No que diz respeito á ética, profissionalismo e competência, bem ela anda pela ruas da amargura.
Já há muitos anos que praticamente desapareceu e penso que a culpa é da própria classe pois para o exterior protegem-se uns ao outros, são incapazes de criticar as asneiras, a incompetência que se vive nas redações dos jornais, rádios e televisões.
Por agora chega pois daqui a uns dias devem acontecer outra como parecida e não convém gastar já todas as munições.
PFM

9:11 da manhã  

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